Portos da Costa Leste dos EUA e da região do Golfo, que incluem alguns dos portos de processamento de veículos mais movimentados na América do Norte, enfrentam a ameaça de greve generalizada de trabalhadores portuários, caso as negociações sobre as regras de horas extras e royalties de contêineres não sejam resolvidas até o final do mês. A discussão entre sindicatos, incluindo a Associação dos Estivadores Internacionais (ILA), e a Aliança Marítima dos Estados Unidos (USMX), transportadoras de contêineres, empregadores diretos e associações portuárias, foram finalizadas na semana passada, e novas discussões ainda não foram agendadas. De acordo com um porto processador, se a greve for em frente, isto poderia fechar todo o processamento de veículos através dos portos.
 
A greve pode afetar portos, incluindo Baltimore, New Brunswick e Jacksonville, bem como o porto de Nova Jersey e Nova York, os quais se configuram como os cinco principais portos norte-americanas para veículos. O impacto sobre a movimentação de contêineres através dos portos, também ameaça o transporte de peças.
 
De acordo com relatos, carregadores consideram agora planos de contingência caros que incluem a utilização de novas rotas para outros portos, incluindo os da Costa Oeste. A GM confirmou que sua divisão de logística já estava trabalhando em tais planos, de modo que ela estaria pronta se a greve continuar.   
 
A Mercedes Benz EUA, que possui centros de processamento de veículos em Baltimore e Brunswick, disse que estava ciente da greve potencial, e tinha medidas de contingência para garantir que seus centros de distribuição de peças teriam estoque suficiente para apoiar seus revendedores.
 
Um porta-voz disse que a empresa estava monitorando a situação "muito de perto", mas não antecipou qualquer impacto negativo sobre os seus volumes de veículos de setembro através dos portos.
 
"Estamos otimistas que as negociações chegarão a uma conclusão bem sucedida", acrescentou o porta-voz.
 
As autoridades portuárias também estão mantendo um olhar atento sobre os desenvolvimentos. A autoridade portuária Jacksonville, na Flórida, disse apenas que, como um landlord port, quaisquer contratos de trabalho em seus terminais seriam entre os seus inquilinos e seus trabalhadores, mas que acompanharia a situação na esperança de que um acordo pudesse ser alcançado.  
 
Houve uma resposta mais sincera do processador portuário Amports. O Diretor Executivo Steve Rand disse ao Automotive Logistics News que parecia que uma greve seria uma possibilidade, e que se isso acontecesse a Costa Leste e portos do golfo para todos os veículos acabados seriam fechadas. Mas Rand acrescentou que era "difícil imaginar que um grande sindicato faria isto antes de uma eleição, dado a imensa quantia de dinheiro que fornecem a [presidente] Obama".  
 
Espírito de cooperação destruído
O ILA criticou a USMX por "destruir o fluxo de negociações produtivas com propostas ultrajantes e uma atitude do tipo 'pegar ou largar'".
 
Bem como as regras de horas extras, as negociações incluem royalties de contêineres, que são os pagamentos feitos aos trabalhadores sindicalizados com base no peso da carga recebida em cada porto.
 
O presidente da ILA, Harold J Daggett disse que as negociações, durante o ano passado tinham sido difíceis, e tinha se desenvolvido em um "espírito de cooperação" com os dois lados esperando chegar a um acordo no final de agosto. No entanto, Daggett disse que anos de cooperação e confiança haviam sido destruídos pelos comentários do presidente da USMX, James A. Capo.
 
"A USMX exigiu que a ILA desistisse de sua garantia de oito horas, que muitas áreas portuárias da ILA tiveram por anos", disse Daggett. "A USMX também exigiu que a ILA mudasse radicalmente as regras contratuais para pagamento de horas extras. Estes itens não deveriam sequer fazer parte das discussões do contrato mestre, mas a USMX insistiu que as conversações não poderiam continuar, a menos que houvesse concordância para a negociação destes itens."
 
"Eles adotaram uma estratégia feia que não terá sucesso", acrescentou.
 
Por sua parte, a USMX afirmou que está "pronta e disposta a se envolver na negociação abrangente para chegar a um acordo sobre um novo contrato", mas disse que qualquer diálogo deve incluir a discussão substantiva das ineficiências existentes percebidas que se infiltraram em operações portuárias.
 
Em uma carta ao Daggett, James Capo referiu-se a "regras arcaicas de trabalho e práticas de tripulação, e ao sistema de garantias de pagamento de horas extras e práticas que resultam em milhões de dólares pagos por tempo não trabalhado".
 
Ele prosseguiu: "Estas ineficiências estão fazendo com que muitos de nossos portos tornem-se proibitivamente caros, prejudicando nossa capacidade competitiva e ameaçando a viabilidade a longo prazo de nossas operações."  
 
Ele acrescentou que a ILA simplesmente rejeitou a tentativa da USMX de resolver os problemas, e quando foi desafiada por sua falta de consideração, respondeu com uma ameaça de greve.
 
Nem a USMX nem o ILA estavam dispostos a discutir a questão em termos do seu impacto sobre a indústria automotiva.