Fornecedores lutam contra a falta de energia na Índia
A Índia foi atingida por uma série de cortes de energia esta semana que derrubaram redes de electricidade no norte e no leste do país, atingindo cerca de 600 milhões de pessoas e interrompendo a produção nas instalações de fornecedores sistêmicos na região, o que poderia ter um impacto na produção de veículos.

No domingo, a rede de energia do norte da Índia desmoronou e foi restaurada brevemente antes de cair novamente na segunda-feira. Na segunda ocasião, a interrupção foi seguida por um colapso semelhante na rede do leste. A rede localizada no nordeste foi reportada como sem funcionamento pouco depois.

A falta de energia combinada afetou pelo menos 13 estados da Índia e levou à ruptura em metade do país. Áreas no norte do país afetadas incluem Delhi, Punjab, Haryana, Uttar Pradesh, Himachal Pradesh e Rajasthan. No leste, West Bengal, Bihar, Orissa e Jharkhand também foram todas afetadas.

Os fabricantes de carros, incluindo Tata, Mahindra e Maruti Suzuki, com instalações nas áreas afetadas, ficaram bastante isolados do impacto porque foram capazes de recorrer a acordos com o State Electricity Boards para fornecimento ininterrupto, de acordo com VG Ramakrishnan, chefe de prática automotiva da Índia e da região de MENASA, da firma analista de negócios Frost & Sullivan.

No entanto, ele continuou seu depoimento dizendo que aqueles que sentem o maior impacto são os fornecedores de nivel dois e três. "Escassez de eletricidade causa perturbações na produção, uma vez que essas empresas são incapazes de pagar por geradores de energia de alto custo [geradores de reserva de energia]", disse ele a Automotive Logistics.

Enquanto a falha na rede é um problema temporário e deverá ser resolvido durante as próximas duas semanas, o maior problema envolve a falta de abastecimento recorrente. A falta de energia foi considerada nos estados afetados, como responsável pelo excessivo uso de energia da rede nacional, que vem apresentando déficits de mais de 8% nos últimos meses.

Para Maruti Suzuki, que possui duas fábricas em Haryana, o impacto foi reduzido porque a sua fábrica de Manesar tem permanecido fechada após os trágicos acontecimentos relatados na semana passada, no qual uma erupção de violência entre a força de trabalho levou à morte de um homem e a lesão de cerca de 70 outros, bem como danos substanciais à instalação.

No entanto, isto poderia significar perdas de produção na outra fábrica do OEM em Gurgaon, ou quando a fábrica Manesar retomar o funcionamento, de acordo com Ramakrishnan.

"Os problemas trabalhistas em Maruti, e seu posterior desligamento reduziram a demanda [em Menesar] momentaneamente, mas quando a produção retornar ao funcionamento, podem haver perdas de produção devido à indisponibilidade de eletricidade", ele disse. Para evitar a perda de negócios, as empresas automotivas estão investindo em reservas de energia para garantir um fornecimento ininterrupto de suas unidades de produção. Isso acontece predominantemente com fornecedores de nível um."

Maruti Suzuki não respondeu a pedidos de informações sobre interrupções atuais ou potenciais para a produção como resultado da queda de energia.

As consequências mais amplas da falta de energia também incluem perdas de transmissão e distribuição, além do que os Conselhos Estaduais Electricidade (SEBs) se encontram falidos, de acordo com Ramakrishnan, que revelou que os SEBs vendem energia para um determinado setor de clientes a custos inferiores ao custo de produção, e fornecem energia gratuitamente para os agricultores em muitos estados.

"Com o aumento da demanda, cada estado utilizou mais energia do que tinha direito, o que levou ao desequilíbrio e, finalmente, ao colapso da rede", disse ele.

O crescimento industrial na Índia tem levado à crescente demanda por uma melhor infra-estrutura de energia, a qual ela tem sido incapaz de atender, e sem investimento substancial e uma melhor disciplina quanto ao uso, será incapaz de fazê-lo.

De acordo com relatos, a queda desta semana foi prejudicada ainda mais por uma temporada de monções fraca, que reduziu a geração hidrelétrica, mantendo as temperaturas mais elevadas, levando as pessoas a uma maior utilização da eletricidade para manter o ar fresco.

Pela terça-feira, centenas de trens foram afetados, e o transporte rodoviário foi lançado em uma confusão maior, que afetou a logística por causa do impacto sobre a infra-estrutura, incluindo a perda de energia em sistemas de controle de tráfego.

Sem investimento substancial para o fornecimento de energia, do qual não há nenhum sinal, mais quedas de energia são previstas. Este poderia ser um problema para as montadoras com a intenção de criar novas instalações de produção na região de Gujarat, por exemplo, e que estão atraindo muita atenção de tanto montadoras nacionais como estrangeiras, mas que também possuem uma base de fornecedores menos desenvolvidos.

"A escassez de energia contínua ou o agravamento da situação, afetará a produção do OEM e irá forçá-los a recorrer a outros fornecedores, que podem possuir unidade de produção em outros locais", disse Ramakrishnan. "Isto aumentaria o custo de transporte, armazenagem adicional e ajuste temporário à cadeia de fornecimento."